quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Conte-me seu passado e te direi quem és...

Ontem à noite, enquanto comemorava meu Dia dos Namorados com minha amiga, ouvindo o delicioso rumbar da música caribeña, voltamos ao passado naquela mesa de bar... Começou assim: Ela: “Fui tomar café no shopping hoje e a garçonete comentou que a gente não está indo lá com muita freqüência... Disse que precisamos ir sempre porque animamos o ambiente”; Eu: “Da próxima vez, vou chegar e dizer: Prazer, eu sou o Bozo”... Ela imediatamente franziu a testa, seus olhos murcharam e seus lábios fecharam... Eu: “Nossa, o que aconteceu? Só falta dizer que não se lembra do Bozo e me deixar sem graça igual a minha estagiária, que jurou de pés juntos que nunca tinha ouvido falar no Jaspion... você também tem quase trinta anos...”; Ela: “Tenho trauma do Bozo...”. E então, fiz a pergunta insólita: Porquê?

“Quando eu era pequena, tinha uma lancheira rosa linda, com o Bozo na frente – ar melancólico – então, minha mãe, que sempre se preocupava com nossa alimentação, colocava nela suco, saladas de frutas, queijo e um ovo cozido... e eu tinha que comer tudo...”

“Um ovo cozido??? Como assim um ovo cozido?”

“Sim, um ovo cozido, com casca e tudo... Eu sentava, quebrava a casca e comia. Era conhecida como a Menina do Ovo - ???? – Mas, eu estava cansada de comidas saudáveis... eu queria aqueles salgadinhos cheirando a bacon, vendidos em sacos plásticos, com gosto de isopor; desejava aqueles sucos quentes e melecados cheio de corantes que meus colegas bebiam; Havia uma menina gorda e horrorosa que se chamava Stefani Melissa. Ela tinha a lancheira dos meus sonhos: grande e amarela, com um patinho com gravatinha azul na frente. Eu sempre adorava vê-la abrindo a lancheira... sanduíches cheios de maionese, presunto e queijo; bolachas recheadas de chocolate e morango; bombons de uva que, quando ela mordia, escorria o leite condensado pelo canto da boca... E sabe o que ela tinha na garrafinha? REFRIGERANTE... – aumentou o tom de voz - Incrível, não consigo esquecer aquelas cenas... Ninguém gostava da Stefani... Foi quando eu tive a grande idéia: Falava para os outros da minha sala: Você quer trocar sua bolacha recheada por essa minha salgada e sem gosto?; É claro que eles diziam não... mas, eu argumentava: Então você vai ficar gordo e feio como a Stefani Melissa, comendo essas porcarias...; Incrível, na hora eles trocavam... A partir deste dia, eu trocava toda a minha lancheira saudável por deliciosas guloseimas... Imagina, cheguei ao ponto de trocar até o ovo??? Ainda bem que eu nunca tive tendência para engordar... senão, seria eu e a Stefani... Já te contei como arranquei a pele do rosto de uma menina por causa de um bambolê? Você lembra do bambolê?”

“Sim – respondi estupefacto – mas, não sabia que usavam como arma...”

“Era aula de Educação Física... Fui pegar o último bambolê e uma menina segurou ao mesmo tempo. Eu disse: Larga, que é meu... senão eu vou te arrancar a cara...; Ela riu e duvidou de mim. Cumpri o que eu disse: Pulei e, com minhas unhas, arranhei o rosto dela... Saiu sangue. Ela começou a chorar e gritar, enquanto eu rodava com o bambolê... Como eu adorava brincar com ele... Bons tempos aqueles não???”

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“Garçom... por favor... mais uma tequila! Urgente.”

Um dos causadores do trauma: o Bozo...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Dia (dos) namorados (árvore)...

Durante todo o mês de junho, comecei a notar dezenas e centenas de corações espalhados pela cidade. Ah, sim... Hoje é Dia dos namorados. Aquela data festiva aonde para alguns é o “Dia da Árvore” e para outros é a celebração do amor... Que coisa mais meiga... Ontem, caminhando pelo Shopping, vi a exaltação das pessoas em compras; as chamadas das lojas sobre os descontos para os namorados... “Dê um beijo na nossa frente e ganhe um bombom”... Ainda bem que é um beijo; Uma que achei um encanto foi: “Compre sua aliança e leve mais duas... Uma para você, outra para seu namorado e mais uma... para seu amante – quando você precisar...”

Terminei meu namoro há algumas semanas. Como já comentei, o término foi devido ao meu amor próprio – que estava se afogando e eu não conseguia estender a mão para agarra-lo... até que, em um momento oportuno, o salvei de uma forma gloriosa. Isso sem comentar que não existia mais a paixão. Infelizmente, ainda sou movido por ela: a paixão. Como é bom estar apaixonado. Não precisa necessariamente ser por alguém, mas por algo, por um objetivo, por uma meta... Está escrito em algum livro que você precisa de outra pessoa para ser feliz? Desculpe-me em avisa-lo, mas... é um engano patológico.

Não vou dizer que não quero mais alguém... é mentira das mais descaradas. Mas, aprendemos a ser mais exigentes e criteriosos em nossas escolhas. E, minha próxima, com certeza será com paixão. Quero alguém que me afogue em sentimentos; que me agarre com a força do desejo ardente; que me beije desesperadamente, sufocando meus pensamentos sem sentido e me levando a um estado de êxtase único; Quero o toque que treme; a reconciliação fervorosa; quero o beijo na chuva depois de uma discussão explosiva e, depois de tudo isso, quero a calmaria de um abraço sem pretensões... sem medo da verdade sendo revelada em sua face. E, acima de tudo isso, como a corrente que fechará tudo em um ciclo, quero a atitude e a vontade em estar comigo... pois retribuirei tudo com as mesmas emoções... pois estarei oferecendo o amor que alimentei por mim...

Foi um tempo longo até eu aprender a me amar. Claro, como você pode OFERECER sem POSSUIR o amor? Foi uma época em que fui muito infeliz. Imagine você conhecer alguém e colocar nas mãos dessa pessoa a grande responsabilidade por sua felicidade? É simplesmente desesperador. Hoje, digo com todas as letras, sílabas e fonemas. Eu me amo! Essa foi uma das maiores e mais relevantes lições que aprendi nesses quase trinta anos. Por muitas vezes, entrei em uma “jaula” com a pessoa que estava ao meu lado, juntamente com minhas esperanças de amor concretizadas... fechava com muitos cadeados e jogava a chave fora... Hoje sei que posso entrar nessa mesma jaula... mas, não quero mais fechá-la... devo entregar a chave para a pessoa escolhida e juntos decidirmos se fechamos ou não... Porque, antes de querer TER alguém com todas as qualidades que eu desejo eu preciso SER este alguém...

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Ontem, minha professora comentou que nos EUA, o dia dos namorados – o Valentines Day – é diferente: é uma celebração ao amor... entre amigos, namorados, família... As pessoas trocam presentes, cartões e saem para jantar juntas. Prefiro assim... Então, hoje comprei rosas para as minhas amigas do trabalho – até cartão personalizado eu fiz – beijei a todos na academia, desejando um ótimo dia e hoje sairei com minha amiga para um bar cubano e vou entrar no ritmo caliente da salsa e da música caribeña... Com uma tequila – somente uma, estou de dieta – para brindar o dia de hoje...