quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Conte-me seu passado e te direi quem és...

Ontem à noite, enquanto comemorava meu Dia dos Namorados com minha amiga, ouvindo o delicioso rumbar da música caribeña, voltamos ao passado naquela mesa de bar... Começou assim: Ela: “Fui tomar café no shopping hoje e a garçonete comentou que a gente não está indo lá com muita freqüência... Disse que precisamos ir sempre porque animamos o ambiente”; Eu: “Da próxima vez, vou chegar e dizer: Prazer, eu sou o Bozo”... Ela imediatamente franziu a testa, seus olhos murcharam e seus lábios fecharam... Eu: “Nossa, o que aconteceu? Só falta dizer que não se lembra do Bozo e me deixar sem graça igual a minha estagiária, que jurou de pés juntos que nunca tinha ouvido falar no Jaspion... você também tem quase trinta anos...”; Ela: “Tenho trauma do Bozo...”. E então, fiz a pergunta insólita: Porquê?

“Quando eu era pequena, tinha uma lancheira rosa linda, com o Bozo na frente – ar melancólico – então, minha mãe, que sempre se preocupava com nossa alimentação, colocava nela suco, saladas de frutas, queijo e um ovo cozido... e eu tinha que comer tudo...”

“Um ovo cozido??? Como assim um ovo cozido?”

“Sim, um ovo cozido, com casca e tudo... Eu sentava, quebrava a casca e comia. Era conhecida como a Menina do Ovo - ???? – Mas, eu estava cansada de comidas saudáveis... eu queria aqueles salgadinhos cheirando a bacon, vendidos em sacos plásticos, com gosto de isopor; desejava aqueles sucos quentes e melecados cheio de corantes que meus colegas bebiam; Havia uma menina gorda e horrorosa que se chamava Stefani Melissa. Ela tinha a lancheira dos meus sonhos: grande e amarela, com um patinho com gravatinha azul na frente. Eu sempre adorava vê-la abrindo a lancheira... sanduíches cheios de maionese, presunto e queijo; bolachas recheadas de chocolate e morango; bombons de uva que, quando ela mordia, escorria o leite condensado pelo canto da boca... E sabe o que ela tinha na garrafinha? REFRIGERANTE... – aumentou o tom de voz - Incrível, não consigo esquecer aquelas cenas... Ninguém gostava da Stefani... Foi quando eu tive a grande idéia: Falava para os outros da minha sala: Você quer trocar sua bolacha recheada por essa minha salgada e sem gosto?; É claro que eles diziam não... mas, eu argumentava: Então você vai ficar gordo e feio como a Stefani Melissa, comendo essas porcarias...; Incrível, na hora eles trocavam... A partir deste dia, eu trocava toda a minha lancheira saudável por deliciosas guloseimas... Imagina, cheguei ao ponto de trocar até o ovo??? Ainda bem que eu nunca tive tendência para engordar... senão, seria eu e a Stefani... Já te contei como arranquei a pele do rosto de uma menina por causa de um bambolê? Você lembra do bambolê?”

“Sim – respondi estupefacto – mas, não sabia que usavam como arma...”

“Era aula de Educação Física... Fui pegar o último bambolê e uma menina segurou ao mesmo tempo. Eu disse: Larga, que é meu... senão eu vou te arrancar a cara...; Ela riu e duvidou de mim. Cumpri o que eu disse: Pulei e, com minhas unhas, arranhei o rosto dela... Saiu sangue. Ela começou a chorar e gritar, enquanto eu rodava com o bambolê... Como eu adorava brincar com ele... Bons tempos aqueles não???”

***

“Garçom... por favor... mais uma tequila! Urgente.”

Um dos causadores do trauma: o Bozo...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Dia (dos) namorados (árvore)...

Durante todo o mês de junho, comecei a notar dezenas e centenas de corações espalhados pela cidade. Ah, sim... Hoje é Dia dos namorados. Aquela data festiva aonde para alguns é o “Dia da Árvore” e para outros é a celebração do amor... Que coisa mais meiga... Ontem, caminhando pelo Shopping, vi a exaltação das pessoas em compras; as chamadas das lojas sobre os descontos para os namorados... “Dê um beijo na nossa frente e ganhe um bombom”... Ainda bem que é um beijo; Uma que achei um encanto foi: “Compre sua aliança e leve mais duas... Uma para você, outra para seu namorado e mais uma... para seu amante – quando você precisar...”

Terminei meu namoro há algumas semanas. Como já comentei, o término foi devido ao meu amor próprio – que estava se afogando e eu não conseguia estender a mão para agarra-lo... até que, em um momento oportuno, o salvei de uma forma gloriosa. Isso sem comentar que não existia mais a paixão. Infelizmente, ainda sou movido por ela: a paixão. Como é bom estar apaixonado. Não precisa necessariamente ser por alguém, mas por algo, por um objetivo, por uma meta... Está escrito em algum livro que você precisa de outra pessoa para ser feliz? Desculpe-me em avisa-lo, mas... é um engano patológico.

Não vou dizer que não quero mais alguém... é mentira das mais descaradas. Mas, aprendemos a ser mais exigentes e criteriosos em nossas escolhas. E, minha próxima, com certeza será com paixão. Quero alguém que me afogue em sentimentos; que me agarre com a força do desejo ardente; que me beije desesperadamente, sufocando meus pensamentos sem sentido e me levando a um estado de êxtase único; Quero o toque que treme; a reconciliação fervorosa; quero o beijo na chuva depois de uma discussão explosiva e, depois de tudo isso, quero a calmaria de um abraço sem pretensões... sem medo da verdade sendo revelada em sua face. E, acima de tudo isso, como a corrente que fechará tudo em um ciclo, quero a atitude e a vontade em estar comigo... pois retribuirei tudo com as mesmas emoções... pois estarei oferecendo o amor que alimentei por mim...

Foi um tempo longo até eu aprender a me amar. Claro, como você pode OFERECER sem POSSUIR o amor? Foi uma época em que fui muito infeliz. Imagine você conhecer alguém e colocar nas mãos dessa pessoa a grande responsabilidade por sua felicidade? É simplesmente desesperador. Hoje, digo com todas as letras, sílabas e fonemas. Eu me amo! Essa foi uma das maiores e mais relevantes lições que aprendi nesses quase trinta anos. Por muitas vezes, entrei em uma “jaula” com a pessoa que estava ao meu lado, juntamente com minhas esperanças de amor concretizadas... fechava com muitos cadeados e jogava a chave fora... Hoje sei que posso entrar nessa mesma jaula... mas, não quero mais fechá-la... devo entregar a chave para a pessoa escolhida e juntos decidirmos se fechamos ou não... Porque, antes de querer TER alguém com todas as qualidades que eu desejo eu preciso SER este alguém...

***

Ontem, minha professora comentou que nos EUA, o dia dos namorados – o Valentines Day – é diferente: é uma celebração ao amor... entre amigos, namorados, família... As pessoas trocam presentes, cartões e saem para jantar juntas. Prefiro assim... Então, hoje comprei rosas para as minhas amigas do trabalho – até cartão personalizado eu fiz – beijei a todos na academia, desejando um ótimo dia e hoje sairei com minha amiga para um bar cubano e vou entrar no ritmo caliente da salsa e da música caribeña... Com uma tequila – somente uma, estou de dieta – para brindar o dia de hoje...


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A amiga psiu...

“...não procuro estar com pessoas que não me acrescentam ou me reprimem”. Isso recebi no final de um email de uma amiga hoje. Não é uma frase fantástica digna de figurar nas melhores da semana? Explico: Ela tem uma amiga convencional – aquelas amizades que possuímos que estão lá... boas, mas... – e todas as vezes que elas saem, esta minha amiga - que é maravilhosa -, ficava extremamente incomodada com uma atitude: a convencional (vamos chamá-la assim), quando minha amiga se exaltava contando algo ou dando aquela risada gostosa, fazia aquele barulho insuportável – Psiuuuu – para ela abaixar o tom de voz, seguido da frase: “As pessoas estão olhando...”

Sem textos convencionais, com sentimentos exacerbados ou provas de amizades eternas... respondendo de forma concisa e simples: o que é uma amizade? Bem, em minha opinião, é aquela pessoa que eu escolho para fazer parte de mim. Sim, é a minha extensão. Alguém com quem eu converso, dou gargalhadas altas... lágrimas que escorrem de tanto rir... e de chorar também... e de rir de novo; Para quem eu conto os segredos que não contaria para o espelho; desabafos, simplesmente por só querer falar... Discar o número no telefone com pressa para contar algo muito bom e... também algo muito ruim; Simplesmente, possuir um amigo... é manter uma vida!

Se nós paramos para analisar, a amizade é melhor do que um namoro... veja: quando você está solteiro, com quem você sai?; Está namorando... para quem você liga para contar as brigas?; Para comentar – com entusiasmo explosivo - sobre o pos-tit com uma frase de amor deixado no pára-brisa do carro?; E, a melhor parte da história, quem ajuda você no final do relacionamento?; E, voltamos ao início do ciclo, quando você se recupera, levanta e sacode a poeira de todo o sofrimento de perda, para quem você liga e diz: “Voltei para a vida! Vamos sair agora... porque o mundo será pequeno para mim”?

Certa vez, li uma frase – dessas bobas que vemos em revistas, livros de auto-ajuda,... – que “as pessoas que entram na nossa vida devem ser registradas em um caderno: algumas você sublinha, outras você passa canetinha de outra cor, outras: em letras garrafais... mas, existem algumas, que precisam passar corretivo...” Amigos entram e saem da nossa vida, com diferentes graus de importância... mas, temos que guardar alguns daqueles que conhecemos há muito tempo. Eles são o nosso vínculo com o passado. Quantas vezes você não deve ter escutado a terrível frase: “Você se lembra disso?” Para evitar um novo erro que se aproximava?

Devemos ter amigos sim, aqueles que não mostrem vergonha de nosso jeito de ser, de nossas risadas altas, de nossas opiniões e personalidade difícil. Precisamos de amigos que digam: “Nossa, que burrada você fez... bem, então... VAMOS pensar como iremos consertar isso...” Sim, é desses amigos que precisamos e não daqueles que transformamos nosso modo de viver para agradar e “prender” uma amizade de aparências. Você deve estar pensando: Isso não existe... Será? Ou você não se lembra dos seus tempos de escola aonde andar com a turma “popular” era o sonho de amizade de todos? Bem... também pensei assim na época escolar, mas... Não tenho mais idade para perder o controle sobre o que e quem eu sou para agradar as pessoas... e, muito menos, para ser hipócrita.


Foto: Projeto Amizade

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O culpado: um brioche!

"...e Deus fez a MULHER a sua imagem e semelhança...” Desculpem-me os católicos, mas a comparação é inegável. Pela falta de conhecimento de muitas coisas sobre Deus – para quem acredita – e como ele julga ou decide os fatos, é impossível a mulher ter sido feita de uma costela de Adão... Como diria uma amiga: “é a segunda mentira que nós deixamos os homens acreditarem...”

Explico minha conclusão contraditória: No sábado eu e minha amiga companheira de “cafés e chás” fomos a um chá de bebê de outra amiga minha. O tema da festa era Festa Junina – para combinar com o mês de Junho. Mas, em Festas Juninas existe um pequeno problema: as comidas. É um desfile de doces maravilhosos, salgados, pipocas caramelizadas e uma “família de amendoim” (amendoim com casca crocante, com pimenta, ervas finas...) de dar inveja... Isso sem falar na bebida divina e necessária: O quentão! Ahhh, e o pinhão cozido? Orgásmico...

Bem, quando vi aquela mesa, surtei. Olhei para minha amiga com ar de louco psicótico e disse: “tudo bem, vou me controlar e comer só um pedacinho de cada”. Estou fazendo dieta muscular e qualquer coisa a mais vira gordura. E cumpri o que eu disse. Minha amiga, que também está de dieta e ficou triste por perder somente duzentos gramas em uma das últimas vezes que se pesou, já chegou feliz: “Quero um copo de quentão...”

Pegamos um pratinho – sim, o meu era quase um pires – e fomos nos servir (ela com o quentão). Peguei um pedaço pequeno de empadão de frango e meio pão de queijo. Ela pegou um pedaço de empadão de frango, de azeitonas, dois pães de queijo... Na hora do doce, eu: uma pedaço de queijadinha (reparti ela em quatro) e meia paçoca; ela: uma queijadinha, uma paçoca, um pedaço de bolo... junto com o quentão. Também peguei um pedaço pequeno de um bolo de fubá com recheio de coco, que tinha uma calda meio esbranquiçada por cima, que apelidamos carinhosamente de Bolo Gozado – não pergunte o porquê -; ela pegou um pedaço grande...

Saímos e escutei a frase: “Não sei... estou me sentindo pesada”. - ????? - Decidimos tomar um café, aonde ela pediu uma taça de vinho... “Já que saí da dieta, vou chutar o pau...”. Decidiu pedir uma sopa. Estava um pouco frio e pedi uma também. A minha sopa: meia porção de canja, com uma xícara de chá verde; a dela: uma Eslava... porção inteira, com creme de leite, muita batata branca e carne... e a taça de vinho bem encorpado, ácido e muito doce...

Fomos embora e, assim que cheguei em casa, liguei para ver se estava tudo bem – se ela não havia explodido – “Nossa, cheguei em casa minha tia ofereceu brioches e sonhos de doce de leite que ela comprou... Uma delícia...”. Fiquei mudo.

No outro dia – domingo, o dia da depressão – nos encontramos para tomar um chá. Ela não estava muito bem, desanimada... com um humor H2O (insípido, inodoro e incolor). É evidente que perguntei o que estava acontecendo: “Sabe... não agüento mais. Estou me sentindo gorda e não consigo emagrecer. Faço dietas há anos e não emagreço. Eu não sei mais o que fazer... Não deveria ter comido aquele brioche de ontem...”

***

Ah, e vocês provavelmente querem saber qual é a primeira mentira que as mulheres deixam os homens acreditarem – conforme minha amiga que mencionei no início: “... a primeira é: Não importa o tamanho....”


O culpado: Um brioche - Foto: Berry Goodies

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Ô tio...

Ontem à noite foi dado o veredicto: Estou ficando velho. Sim... é terrível descobrir isso, da forma mais tenebrosa e assustadora possível. A humanidade é extremamente cruel. Você SABER é totalmente diferente de TOMAR CONSCIÊNCIA de algo.... e ontem, essa consciência veio como uma meteoro direto de Júpiter, estraçalhando meu momento que estava sendo glorioso.

Estava no carro com uma pessoa fantástica que eu conheci: 29 anos, bom papo, beleza rústica – do interior do estado – profissão: Educação Física... já se tem uma leve idéia de como era o corpo não é? Conversas, risos para cá... para lá... sempre a mesma coisa na hora da conquista... De repente, o sinal fecha. Aquele vermelho... eu deveria saber que alguma coisa satânica estava para acontecer...

Eu, com um estilo blasé em minhas risadas, – e o vidro entreaberto – comentava sobre trabalho, clima... essas coisas imensamente românticas... e, do nada, surgem aqueles rapazes que passam no vestibular, pulando freneticamente, parecendo macacos abduzidos por alguma forma cósmica gosmenta, melecados de mostarda, catchup e ovos quebrados com farinha de trigo. Um banquete...

Um desses loucos correu em direção do meu vidro e disse a seguinte frase macabra: “Ôôô TIO você tem um trocado para ajudar na nossa festa... passamos no vestibular de Medicina... Ajuda aí TIO...”

***

TIO??? Ele me chamou de TIO??? Duas vezes??? Eu fiquei sem reação. O rapaz, assustado com minha paralisia, saiu em direção ao outro carro... virei, com uma feição desesperada que certamente deixaria aquelas mocinhas loiras que morrem em filmes de terror para trás, e disse: “Eu escutei direito ou ele me chamou de tio?” só escutei: “O sinal abriu...” Fiquei em choque. Nunca na minha vida eu achei que esta sensação fosse se apossar de mim. E ainda escuto: “Nem se preocupe, é só você tirar a barba. Vai ficar com cara de meninão.” Não preciso dizer que o clima romântico acabou.

Cheguei em casa e comecei a procurar algum fio de cabelo branco. Estiquei a pele do rosto, apalpei... Sim: as marcas da idade já estavam lá e eu nem havia percebido. Parei em frente ao espelho e comecei a rir. Estava fazendo idêntico a minha mãe. E concluí: sim, estou chegando nas três décadas... Amadurecendo para entrar, creio eu, em uma das melhores idades da vida – e todas as idades são as melhores do mundo... E minha transformação em um ser humano mais tranqüilo, inteligente e compreensível está sendo ótima ou invés de me tornar careta, cafona e temeroso com a solidão.

Tenho certeza que o ocorrido de ontem à noite foi praga de uma amiga, pois dei várias gargalhadas quando ela entrou no ônibus e um garoto disse: “Tia, a senhora quer sentar aqui?"

Mas... a vida, provando que é sábia, me deu uma dádiva: Hoje, na academia, ganhei o dia quando me perguntaram se eu me lembrava do grupo Tremendo... Não faço nem idéia de quem sejam... Velho para alguns, jovem para outros...


Em homenagem... os Tios da propaganda do Sentra, da Nissan - campanhada da TBWA/BR.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A culpa SERÁ sua...

Uma amiga chegou e, como quase 99,9% da população feminina do mundo, começou a reclamar dos homens... Provavelmente você nunca escutou uma mulher reclamar de alguém do sexo masculino. Isso é bobagem, totalmente ilusão psicológica...

Então, com os olhos esbugalhados, ela disparou: “Quando eu tiver um filho, eu vou ensiná-lo como tratar uma mulher...”. Será mesmo?

Veja, vamos analisar de forma concreta: quem realmente cria os filhos? Quem educa? Quem é responsável pela formação do caráter e personalidade? A mulher, evidentemente... a mãe! O homem participa, claro, mas de uma maneira menos intensa que a mulher. Quantas mães eu já observei educando seus filhos para serem mimados pelo resto da vida? Estou argumentando de forma errada? Vamos ver: você – sendo mulher – nunca escutou de uma amiga casada dizendo que tem que correr para casa porque precisa fazer o jantar do filho? Você deduz que ele seja ainda incapaz e pergunta a idade dele: "vinte e dois anos..." (isso realmente aconteceu). Eu mesmo, semana passada, estava no salão cortando o cabelo, quando escutei a conversa de duas amigas: “Vamos hoje, no final da tarde, tomar um café no Shopping?” Resposta: “Ai, hoje não dá, é quarta-feira e meu marido chega mais cedo para jantar... Tenho que estar com a comida pronta...”

***

Veja, não estou condenando as mulheres que preparam – porque gostam – a janta de seus maridos e filhos e sim daquelas que anulam seu cotidiano individual para o prazer do outro. Muita coisa mudou desde a queima de sutiãs em praça pública, mas... creio que devemos mudar são os conceitos de educação. Homens não são sensíveis? Evidentemente que não... são criados para não ser... Mulheres e homossexuais masculinos são mais sensitivos? É lógico, não houve barreira para construção de sua sensibilidade. Homem não chora... Homem não pede, manda... Homem não demonstra sentimentos... Homem não come mel, masca a abelha... Isso cria uma cadeia de conflitos no subconsciente masculino gerando as ações que estamos acostumados a perceber na guerra dos sexos.

Principalmente a mulher, frustada em seu casamento é, com certeza, a principal criadora de novos homens que deixarão muitas mulheres decepcionadas. Você não acredita nisto? Quer prova maior do que a grande batalha épica entre nora e sogra? Para a mãe, nenhuma mulher será tão boa quanto ela pra cuidar de seu filho... Pois ela transferiu para ele a concepção de homem perfeito que seu marido não foi. Ela o criou para ser único... e dela! O homem perfeito que ela desejou e não conseguiu...

Pensando nisto, terminei de escutar minha amiga e, bebendo um gole de chá, respondi: “A culpa SERÁ sua...” Ela me corrigiu: “Você está querendo dizer que a culpa é minha?” – “Não, estou querendo dizer que a culpa SERÁ sua...". E troquei de assunto. Para bom entender, um risco quer dizer... que é apenas um risco...


O futuro homem... Foto: Cemed
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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Todos os dias, pela manhã, eu tomava café em um estabelecimento... Café divino, bolachas maravilhosas e um cookie de aveia fenomenal. E - mania de brasileiro - marcava em um “caderninho” minha conta e, no final do mês, quitava minha dívida.... Era mais cômodo do que todos os dias ter dinheiro para pagar minha conta. Às vezes não passava no caixa eletrônico ou acontecia outro imprevisto e eu não poderia ficar sem meu “santo” café pela manhã.

Bem, uma das moças que administra o Café olhou para mim e disse que, devido a mudanças no “sistema de informática” (?) ninguém mais poderia marcar sua conta para pagar depois. Tudo bem: é a administração – pensei – mesmo sabendo que não era culpa do “sistema”. Mas, indiferente, aceitei sem nenhum problema a questão. Então, uma outra pessoa do mesmo estabelecimento fez o seguinte comentário: “Devido a alguns maus pagadores, você que sempre pagou em dia irá sofrer as conseqüências... OS BONS PAGAM PELOS MAUS...”.

***

Como assim “os bons pagam pelos maus”??? Isso foi de extrema indelicadeza comigo, sendo cliente do estabelecimento há algum tempo. Então você: que trabalha todos os dias; paga suas contas – e sabemos como isso é difícil – luta para construir algo; do seu salário se retira uma quantia estratosférica de impostos e você ainda tem que pagar pelos maus???

Não estou falando em relação ao café, ou a conta em questão... isso é simples. É regra não “marcar para pagar depois”, muito bem: aceitamos. Mas, escutar que você, com caráter inquestionável em relação aos seus pagamentos e dívidas terá que pagar por alguém que não honra seus compromissos... simplesmente não dá.

Brigamos por ideologias, por ideais de bons costumes e de solidariedade ao próximo. Sentimos dor e pesar por questões sociais relevantes que denigrem nossos “irmãos” - não de sangue, mas de espécie – sabemos os grandes desafios que o mundo está enfrentando em questões humanitárias e ambientais – e muitas vezes não fazemos nem a nossa parte para contribuir contra esses males – e ainda “pagamos” pelos maus?

Fiz o que alguém – com educação francesa, suíça, alemã, chinesa, japonesa e das ilhas Finji – faria: “Muito obrigado por todos os serviços prestados, o café é realmente delicioso... mas, não irei mais comprar nada neste estabelecimento”. Com os olhos esbugalhados, as pessoas começaram a argumentar... o que foi inútil, pois minha decisão já estava feita. Não poderia mais tomar o café com a mesma devoção de todos os dias anteriores. Senti que, do líquido quente, a fumaça se tornaria a face da pessoa – verde como a bruxa do oeste do Mágico de Oz - dizendo: “Você está pagando pelos maus... Hahahahahahaha...”

O difícil é manter a palavra... é por isso que a grande maioria da humanidade não faz, pois passo todos os dias na frente do estabelecimento, sentindo o cheirinho dos cookies assando... Mas, infinitamente melhor que os cookies é continuar com a sensação que meus princípios não foram quebrados...

E o café do outro estabelecimento da esquina é muito melhor... Só não tem os cookies... bem, minha dieta agradece. Mudança sempre tem seu lado bom: é só conseguir enxergar, por menor que seja...

Foto: Maroma

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O Experiente!

É impressionante como as pessoas não reconhecem o verdadeiro valor de algumas coisas... Como, por exemplo, tomar um café ou um chá – em um lugar aconchegante e agradável – com uma amiga espetacular... Tenho o grande prazer de ter estes momentos e esta amiga... Vamos sempre a um lugar maravilhoso, aonde servem cafés divinos e guloseimas de quebrar a dieta dos mais fervorosos - ou alguém resiste a um delicioso croissant de amêndoas quentinho com sorvete? Senhor, eu trocaria segredos da Nasa por ele -. Lugar chique e, ao mesmo tempo, simples em seu conceito... e com vários exemplos fantásticos de clientes que se encaixam perfeitamente no quesito “Marido”.

Passamos vários momentos deliciosos neste lugar... Rimos, ficamos tristes – e logo em seguida, olhamos um para o rosto do outro e... rimos de novo – fizemos diversas brincadeiras indecentes com os atendentes... Falando nisso, tinha um atendente em especial: certa vez chegamos e pedimos a carta de vinhos – ok, neste dia nada de café ou chá... – e o garçom, um rapaz novo, disse: “Aguardem por favor que irei chamar o outro garçom, que é mais experiente...”. Pronto, estava dado o apelido para o garçom que foi chamado: O Experiente! Ele era um menino tímido, acanhado, com apenas 18 anos e que já tinha uma namorada, como ele mesmo dizia: “ é um compromisso sério... ela é a mulher com quem vou casar e ter filhos”. Você acredita que pode ouvir isso hoje em dia de um rapaz de 18 anos?!? Desde então, passou a ser nosso atendente preferido. Colocávamos os pés no recinto e já chamávamos pelo “Experiente” e ele sempre vinha com aquela bochecha corada de vergonha e com seu sorriso tímido.

Brincadeiras não faltavam – ele dizia: “Mais alguma coisa?” e nós; “Depende... você é experiente em mais alguma coisa?” e o olhar de lascívia era lançado – Suas bochechas pareciam brasas. Mas, foi por ele que conhecemos comidas ocultas do cardápio – aquelas que ninguém sabe que tem, mas são deliciosas – ou satisfazia nossas vontades mais insuportáveis – “eu quero uma Salada Vienense sem croutons, com azeite de oliva e vinagre balsâmico à parte; troque o queijo parmesão por brie e, por favor, substitua a alface americana por rúcula... Ahhh... e não esqueça de acrescentar tomates secos...”

Neste final de semana chegamos no “nosso lugar” - como chamamos - e olhamos para um lado... para o outro... e nada do Experiente... Bem, sentamos e uma garçonete veio nos atender. Antes de fazer o pedido, a pergunta: “Onde está o Experiente?” e ela – como todo mundo que trabalha lá, já conhecia o apelido dele – respondeu: “Ele pediu para sair...”

***

“Como assim saiu? O Experiente já faz parte deste lugar como o Pão de Ervas Finas... Cadê o Experiente?” Ela não soube responder. Era de praxe tomar café aos sábados vendo o Experiente ficar com vergonha de nossas brincadeiras. Era impossível comer algo sem ele arrumando nossa mesa e passando um pano com álcool dizendo que “era mais higiênico...”. Não podíamos acreditar... De repente, apareceu na nossa mesa outra garçonete e perguntamos de novo... ela - com aquele olhar de “eu sei, vocês não sabem” - disse: “vou contar só para vocês dois: é que descobrimos que ele pegava 2 ou 3 garrafas por dia de vinho do estoque e bebia escondido no banheiro...”

Nossa respiração parou... Aquele menino tímido e acanhado era filho da Heleninha Roitman da novela Vale Tudo? Comemos o croissant pensativos, entendendo porque ele era o mais “experiente” quando pedimos a carta de vinhos... e por outro lado, decepcionados: Suas bochechas coradas não eram devido a nossas brincadeiras...


A grande Heleninha Roitman - grande personagem de Renata Sorrah em Vale Tudo... e mãe do Experiente. Foto: BuscaMp3

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sem compromisso...

Sem frescuras ou tabus pré-estabelecidos: vamos falar de sexo. Sim, sexo! Sem vergonha e pudores... - o Dr. Kinsey me apoiaria: Um amigo estava na seca há sete meses – sim, ele é mágico... depois deste período de castidade, creio, alguém é capaz de abrir o Mar Vermelho – Como alguém consegue ficar assim tanto tempo e não se aliar ao "sexo sem compromisso”? Eu sou a favor totalmente do sexo sem ligação amorosa. Quer coisa melhor? Tudo bem, você pode tomar um Valium ou Prozac, mas eu prefiro não acabar com minha saúde sendo que existe um remédio natural que tira qualquer stress cosmopolita.

Imagine: você naquela situação estressante do dia a dia, quase louco e desvairado. Seu chefe gritando, as pessoas fofocando sobre você, os ácaros fazendo seu corpo arder de tanto coçar e até a mulher do cafezinho lança um olhar de Malévola quando você pede educadamente mais uma xícara. De repente, o seu MSN – sim, apesar de ser “maduro” usufruo da tecnologia – faz aquele “blim”... a Mensagem:

- Oi...

- Oi... tudo bem?

- Bem... O que você está fazendo?

- (que vontade responder que estou na feira usando bobs no cabelo e gritando com o cara da barraca de peixe...pergunta boba) Estou trabalhando...

- Quer passar lá em casa hj para tomar um vinho?

- (sei... tomar um vinho?!? Sim... e os crepes???) Seria ótimo...

- Ok... te espero... :-)

Ahhhh... e você tem aquele momento de sexo animal e despudorado, com atitudes e palavras lascivas que deixariam coradas qualquer estátua. Você uiva, grita... é chamada de louco e psicótico... e contrariando todos os seus conceitos, você gosta disso – e depois de fazerem tudo e mais um pouco, você levanta da cama, vai para o chuveiro cantando uma linda canção, pega sua roupas, se veste – tente fazer isso com um homem apenas uma vez... eles ficam loucos por sua atitude “masculina” e não “feminina” de querer ficar deitada, pedindo carinho – e adeus “amore”...

Nesse momento, se você é mulher, lembra do que aprendeu na Catequese e fica desesperada... “Sou uma vaca louca, depravada...” você grita, com os olhos cheios de lágrimas, borrando o rímel e parecendo um urso panda com aquela mancha preta em volta dos olhos. Acorde meu bem! Você sabia, ele sabia, os protozoários e as bactérias da banheira do motel também, que era somente para aquilo. Sinta o prazer e a satisfação de um orgasmo sem neuras. Aprendi na vida com um sabão em pó: Lavou: tá novo! Ou você vai querer algo sério com um homem que somente a chama para transar? É a mais perfeita prestação de serviço...

Você fazer sexo pelo menos uma vez por semana deveria ser regra, estar na lei... você dorme melhor, acorda cantando e, quando olha no espelho, você vê até seus poros com olhinhos e carinhas cândidas agradecendo... e melhor: totalmente sem culpa com a total certeza que você simplesmente deu por dar... Ditado: “Enquanto não chega a pessoa certa, vou adorar me divertir com as erradas...”. Aproveite a vida, porque os pedreiros não vão olhar para você e gritar: GOSTOSA! Quando você chegar aos 60 anos...

***

Meu amigo saiu ontem da seca... engraçado: hoje pela manhã ele estava cantando suavemente e seus olhos possuíam uma profundidade cósmica... E eu o chamei duas vezes para cumprimentar e ele não atendeu... Absorto em seu êxtase!

Ah, e agora que eu me toquei: Nem tomei o vinho...


Com o rímel borrado... Foto: Mataglap

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Elevadores... Caixas Sociais

Ontem saindo do elevador da Pós Graduação comecei a pensar em um fator relevante: Você pode identificar o grau de sociabilidade de uma pessoa no interior de um elevador... Quantas vezes você já entrou naquela minúscula caixa de metal escaldante e ela ficou gélida em alguns segundos quando alguém entrou e nem olhou para os lados? Comigo: milhões de vezes. É um gesto estranho as portas se abrirem como no programa "A Porta da Esperança" do Sílvio Santos – sim, estou ficando velho, pode pensar – e você se deparar com uma pessoa que nunca viu antes, olhá-la diretamente nos olhos e... não saber o que fazer...

Opção: a) Você sorri, mas não mostra os dentes... apenas aquela abertura labial igual ao Coringa do Batman; b) Abre a boca como um ventríloquo e diz um oi acanhado; c) Simplesmente ignora – principalmente se a pessoa possuir uma estética não muito agradável – traduzindo: feia;

Agora, vamos piorar a situação? – lembre-se: tudo na vida pode piorar – Você está com pressa, o seu carro já está quase levando uma multa e você torce orgasmicamente – não sei se existe esta palavra... senão, eu acabei de inventar - contando os números em ordem decrescente para o elevador chegar rápido. Quando a música divina toca – pimmm – você fixa o olhar na porta e quando ela abre...

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Bem... como o “pão de pobre cai sempre com a manteiga para baixo” – ditado popular – o elevador está lotado, só tem espaço para mais um e a feição das pessoas faz seu estômago revirar... Aliás, não sei porque alguns diretores de filmes Hollywoodianos gastam milhares de dólares em maquiagem para filmes de terror... Existem pessoas que assumiriam muito bem o papel sem máscaras...

Você entra... é enfrentar o inferno ou uma multa de trânsito... então, vamos abraçar o capeta. Ninguém faz nenhum gesto cordial e ainda te olham com desdém, por você, reles mortal, encostar em divindades perfeitas moralmente e fisicamente. É como se fosse um bando de Pastores Alemães - aqueles cachorros altos, fortes e com pose de modelo francesa canina – olhando para um mini vira-lata. Você ainda ensaia um “desculpa”... mas fica com vergonha de pronunciá-lo... Isso sem falar se existe algum tarado que começa a roçar a perna ou o braço em alguma mulher com aquele ar de prazer cafajeste ou aquela senhora com cabelo cheirando a laquê que deixa você vendo a Aurora Boreal quando sai...

Mas, às vezes é bom sonhar... Quando acontece comigo essa situação de pânico, rapidamente eu imagino as portas se abrindo, eu entrando e o David Beckham sentado em uma cadeira veneziana, com uma camisa social branca... os primeiros botões abertos e a gravata frouxa, ao lado – e espremido por falta de espaço – um garçom estourando a champagne... Ele me olha e diz com sotaque: “Porque você demorou tanto?...”

... nesse momento, de êxtase visual que eu estava dentro do elevador da Pós, uma menina baixinha e gordinha – estou usando diminutivo para ser politicamente correto – pisou no meu pé e me trouxe novamente para a realidade... mas ela foi educada e pediu desculpas... com os dentes todos tortos.

... ah, o garçom é lindo também!!!


Foto: David Beckham - hypercool - wordpress - Campanha Armani

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Um zíper aberto...

De segunda a sexta-feira vou ao mesmo supermercado - às 11h da manhã - para comprar salada fresca para meu almoço... Sim, quando estamos chegando perto dos 30 anos uma força cósmica e incontrolável faz com que nosso conceito de "alimentação saudável" mude. No mesmo conceito: o protetor solar não sai mais da bolsa e as dezenas de drinks alcóolicos dão lugar para uma bebida que anuncia a maturidade: um saboroso chá... (e se você quiser acompanhar a moda, pode ser chá verde, branco, vermelho, amarelo e, agora, até rosa)

Entre maços de rúcula, agrião e alguns tipos de alface, enxerguei algo que prendeu minha atenção: um homem estava escolhendo algumas frutas, com o zíper da calça totalmente aberto, detalhe importante: um pedaço da cueca listrada de azul royal e azul bebê aparecia. Fiquei em transe com aquele pequeno pedaço de tecido... Quando saí do tupor visual, vi que não era apenas eu que estava em transe: uma senhora que estava escolhendo abobrinhas - inclusive com uma na mão - olhava fixamente para o zíper aberto na expectativa de que algo fosse pular lá de dentro. O homem, seguia tranquilo, observando maças e caquis...

Foi quando fiquei naquele impasse: eu aviso ou não aviso? viro as costas com a rúcula nas mãos ou, educadamente, aviso o homem que ele tem mau gosto excessivo para cuecas? Aprendi um ponto importante na minha vida: quando estamos em um impasse como esse, fica difícil decidir o que fazer. Exemplo: Quando você vê o namorado de sua amiga com outro, você conta ou não? Nesses casos, desenvolvi uma fórmula própria: faço aquilo que eu gostaria que fizessem para mim. Então, fui ao encontro do Homem-cueca...

Cheguei discretamente olhando e analisando um brócolis e falei: "Bom dia, por favor, não fique constrangido mas... gostaria de infomar que seu zíper está aberto..." O homem olhou para calça, fechou o zíper com um ímpeto agressivo, olhou para mim como um judeu olharia para Hitler, jogou as maças na cesta, virou as costas e foi embora, resmungando em alto e bom som... Todos olharam para mim como se eu tivesse acabado de cometer a maior gafe do século...

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Alguém pode me dizer se a sonda PHOENIX - que chegou em Marte esta semana - levou junto à boa educação das pessoas? Será que vivemos em uma era de agressividade obsessiva, aonde a bandeira serão cuecas de listras de gosto duvidoso??? Bem, comigo a corrente do bem não foi quebrada... Fiz minha parte. E creio que é esse o lema para o mundo hoje: FAZER NOSSA PARTE. Pensamos muito em coletivo e deixamos de lado o nosso dever... Se o outro não fez, deixe a Teoria do Caos resolver...

A Senhora que estava olhando me olhou com um gesto cândido... mas ainda estou tentando saber se este olhar foi uma reprovação - pois estraguei a expectativa dela - ou se foi de obrigado...

... ah, e minha salada estava ótima!!!


Imagem - Fonte: Chrysaliis

terça-feira, 27 de julho de 2010

A Aliança...

É impressionante como alguns fatos que percebemos mudam nossa concepção sobre um comportamento. Por exemplo: Eu estava parado dentro do carro esperando uma amiga para um daqueles café sem pretensões. Com óculos escuros, eu olhava para fora sem nenhum foco visual. De repente vi, através do retrovisor esquerdo, um homem que vinha caminhando pela calçada. Um belo exemplo do sexo masculino... com certeza. Óculos escuros, camisa cinza, calça jeans justa... sim, um belo exemplo.

Pelo modo que caminhava - com força e elegância - se construiu a imagem mental: excelente marido, ótimo companheiro, ouve boa música, aprecia um bom vinho, ... a cena de um jantar em um restaurante igual aqueles bistrôs londrinos rapidamente veio, juntamente com a expressão dele olhando nos olhos e dizendo como ele era "o homem mais feliz do mundo"... Após uma noite romântica, o doce despertar, igual a filmes italianos: roçando meus olhos e ele entrando no quarto, apenas com uma calça de pijamas listradas, dizendo que NOSSO café estava pronto... Aqueles passos dentro do quarto transmitiam uma canção que poderia curar um enfermo, devido a paz que proporcionava. Leveza: seu cabelo voava naquele dia de sol, com uma brisa suave. Seus dedos foram até os lábios e passaram levemente em sua boca. Êxtase puro...

Sonho distante... Novamente eu era um adolescente, que escreve diário e cola a embalagem de um doce na agenda, com a legenda: Hoje, ele me deu um bombom... rapidamente a vida vem como um rolo compressor e nos trás rapidamente para a realidade adulta em questão de segundos - aliás, eu já tenho "quase" 30 anos e ela PRECISA fazer isso... - Quando ele estava passando ao lado da minha janela, com um movimento rápido, ele tirou a mão esquerda do bolso e retirou a aliança do dedo e guardou no bolso da calça.

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Este gesto foi como um choque térmico em meus pensamentos românticos. Aquele homem que imaginei a alguns instantes sendo a mistura de Collin Farrel com o príncipe da Branca de Neve se tornou um Ogro em um piscar de olhos. Ele estava indo em direção ao Shopping e deixou o compromisso para trás como um mero detalhe. É isso que sempre fazemos: sonhamos de forma errada! Jogamos nossas expectativas de felicidade em cima de alguém que jamais poderá ter as qualidades suficientes para realizá-las. Como já diria meu amigo BOB MARLEY: "Às vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas... O tempo passa e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais!"


Imagem - Fonte: http://iranbernardes.files.wordpress.com/2009/05/alianca.jpg